Vivemos hoje um período de esvaziamento e despolitização de parcelas significativas da juventude brasileira, com expressiva particularidade em nosso estado. Isso não acontece espontaneamente, mas trata-se antes da conseqüência de sucessivas ações (ou não-ações) por parte do Estado, dos meios de comunicação, de setores da elite econômica e de nós mesmos, que não somos capazes de nos organizar a ponto de propor uma contra-hegemonia a isso tudo. A situação é tão grave, que discursos moralistas e apolíticos, como foi o de Gabeira na eleição da capital por exemplo, ganham importância e conseguem atingir setores consideráveis entre os jovens do Rio. Se por um lado é uma demonstração do nível de alienação política a que chegamos, por outro é também um indicativo que mostra que há uma vontade de mudar essa política tradicional e que o povo, sobretudo os jovens, o farão quando alternativas viáveis forem propostas. Nessa perspectiva, a Juventude Petista precisa se inserir de forma determinante. Não é a consolidação de um setor social em um ambiente partidário que está em jogo, mas a sobrevivência desse partido enquanto um projeto político comprometido com a mudança dessa realidade que vivemos. E para tanto é fundamental trilhar na JPT o caminho do diálogo e da superação de diferenças. Conseguimos na última gestão da Secretaria Estadual avanços pontuais nesse sentido. Organizamos atividades de rua (como a do plebiscito pelo SIM, a CPI do Jovens pela Paz...), tivemos presença destacada na campanha ao Governo do Estado, organizamos nossa intervenção no Movimento Estudantil, em que conseguimos acompanhar as principais eleições dos DCE’s e trabalhar pela unidade petista no Congresso da UEE, mantivemos regularidade nas reuniões... mas ainda precisávamos avançar mais. Com esse objetivo, o Congresso (que definiu um novo modelo de organização e elegeu uma nova direção), daria subsídios iniciais para caminharmos. Porém, passamos por um período conturbado quanto à organização da direção estadual e de algumas direções municipais da Juventude. Como não houve uma eleição direta, esta se deu através dos congressos e sob a égide das deliberações do I Congresso Nacional da JPT, no momento seguinte o entendimento entre os atores era fundamental para a composição dos novos coletivos. Não houve de antemão. A mesma prática de subjugar diversas “minorias” a uma eventual maioria, em detrimento da construção coletiva, que tanto trabalhamos para superar dentro do PT, corria o risco de imperar entre nós. Após um amplo processo de diálogo, amadurecimento político e aglutinação entre as diversas forças políticas, resolvemos os problemas e compusemos uma nova direção. Frente a tudo, já começamos a gestão com uma dívida pendente e impagável, nossa não-participação institucional nas eleições municipais. Fizemos até algumas atividades fragmentadas, mas a falta de direção juvenil em um momento como o tal, merece ser questionada e dessa autocrítica não nos furtamos. Porém, nos resta correr atrás do tempo perdido. Nosso principal referencial nessa caminhada, inadvertidamente tem de ser o capital político que acumulamos no decorrer do processo dos congressos. Portanto, já temos inúmeras demandas para ditar nossa agenda no período que se segue. Promover um amplo movimento de formação e empoderamento dos núcleos, é fundamental para descentralizar as decisões e aproximar as bases da direção (tanto do partido quanto da JPT). Definir um planejamento estratégico de formação política, sistemático e não mais eventual como vínhamos fazendo, é imprescindível para consolidar nosso projeto de juventude partidária. Além disso, no intento de superar uma lacuna deixada pela direção do PTRJ, precisamos propor e manter espaços de discussão político-partidária com os quadros pensadores da intelectualidade fluminense. É importante também, fazermos um levantamento periódico de quem e quanto somos e onde e como vivemos, pois só dessa forma estaremos afinados com o segmento que representamos, e poderemos dessa forma, articular as melhores formas de interagir com esses atores. Outro ponto que merece destacada atenção é na relação com o interior. No último período, ora por desdobramento da gestão que se seguia, ora pela realização do Congresso, conseguimos, nos distintos grupamentos políticos, visitar boa parte das localidades onde há jovens petistas organizados/as. Porém, daqui em diante, precisamos garantir uma presença permanente e em conjunto, propondo algumas pautas que surgem aqui e principalmente tornando nossa as pautas das juventudes que representamos, além é claro de chegar aos lugares onde ainda não existimos. Há muito o que avançar, mas como dizia Cazuza “o tempo não pára”. E é com essa urgência de atitude que queremos construir o que será daqui pra frente, por todos os sonhos, por todas as lutas e por toda a vida.
Jorge Alberto é estudante de Jornalismo da FACHA, Secretário-geral da Juventude do PTRJ e militante do Movimento Fora da Ordem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário