Para um partido com as características do PT, partido popular, de massas, a unidade é sempre um postulado. Não que ela seja inalcançável, uma utopia, mas é sempre muito difícil compormos uma unidade sem nenhum dissenso. Isso não é ruim nem bom. É fato e sobre este não é permitido interpretações múltiplas. O que é dever das direções do partido é construir unidade no essencial, na grande estratégia, deixando as divergências para consumo interno e serem explorados com a devida cautela. Quando essa política não prevalece, aí sim, temos problemas. A busca pela composição de expressivas maiorias para a direção do partido é absolutamente legítima. Vejamos: poucos dias atrás, houve uma reunião da bancada do PT na sede do Diretório Nacional do PT. Nela, alguns dos presentes animaram-se em opinar sobre o debate que deve ter sede no PED (processo que se estenderá entre agosto e dezembro), inclusive sugerindo caminho para uma eventual unidade partidária. Nada mais justo e legítimo, caso não fosse adotada flagrantemente a tática do constrangimento. A bancada do partido na Câmara, instância regular do PT, tem legitimidade para incidir nos rumos do partido, mas insistir num consenso que abarca muito fragilmente uma opinião de parlamentares, distorce a importância da base, o que inclusive deve acabar por distanciá-la do importante momento de mobilização que o PED proporciona. Vejamos o porque da fragilidade do consenso gestado em torno do valoroso companheiro Gilberto de Carvalho. A tese Construindo um Novo Brasil, nome adotado pelos remanescentes da Articulação Unidade na Luta e aliados, juntamente com a Mensagem ao Partido, pela ordem, síndico e sub-síndico do condomínio majoritário nas instâncias de direção nacional do PT, até bem pouco tempo, comportaram-se como adversários irreconciliáveis na disputa pelo comando do partido. É inegável que a política de um para com outro, no PED 2007, marcou profundamente aquela disputa, mais do que o segundo turno entre Jilmar Tatto e Ricardo Berzoini. É importante dizer que bastou a polarização sugerida por estas duas frentes não ter sede ou espaço no segundo turno para a chamada Mensagem ao Partido renunciar a sua tática “derrotar a CNB e construir o Republicanismo” dissolver-se sob si mesma, levando sua base a uma espécie de orfandade crônica. Entretanto, o Movimento PT e a chapa Partido é pra Lutar jamais deixaram-se seduzir pelo falso debate entre o "PT do bem" e aquilo que se denominava como "PT do mal". Nossa contribuição partiu de outras premissas, todas elas no sentido de estabelecer diferenças quanto ao papel do partido frente ao governo e a coalizão. Também registramos em todos os debates nossa opinião sobre o hegemonismo renitente nas instâncias nacionais do PT, dissolvidos só então após o fim do chamado Campo Majoritário. É preciso que se diga, que o período marcado pela polarização Campo Majoritário e a auto-intitulada esquerda do PT não produziu o fim do hegemonismo, pelo contrário, o aprofundou, sendo este um dos principais sintomas da debilidade do PT e que acabaram redundando ou criando condições para a crise de 2005. A bem da verdade, o Movimento PT sente-se bastante a vontade para evitar a unidade proposta em torno do companheiro Gilberto; a tendência somente caminhará nesta direção caso aconteça do encontro do movimento PT em fins de Maio assim decidir, o que é bastante improvável. Preliminarmente, é desejo da direção e sobretudo da base da tendência aproveitar o espaço proporcionado pelo PED para debater os rumos e o posicionamento do PT naquela que será a batalha de 2010. As recentes iniciativas a cerca da revisão das penas impostas a quem teve responsabilidade direta no episódio de 2005 dão conta de quem está realmente preocupado com a coesão do partido e a preparação de nossa Armada para a sucessão presidencial. No mais, quem muda de posição como da água para o vinho, do dia para noite, evitando dedicar-se a construção de um novo padrão de direção partidária, e quem não faz autro-crítica de suas responsabilidades, não podem agir nas escamas do partido negando a diferença de conteúdo e visão sobre o papel do PT. Para 2010 o partido precisará estar dotado de maior ofensividade, pró-atividade na busca por aliados e na composição de fortes chapas majoritárias nos estados, da esquerda para o cento, não o contrário. Quem quiser inverter a equação que faça, e assuma as consequências. Apontar caminhos e construí-los, essa é a tarefa do PT e é isso que a próxima direção deverá ter como prioridade. Ademais, os saudamos como companheiros que disputarão legitimamente seus espaços e a base do partido neste que deverá ser o melhor dos PED\\'s realizado pelo PT.
Romênio Pereira - Secretário de Assuntos Institucionais # Rodrigo Campos - Coordenação Nacional Movimento PT # Vilson Oliveira - Secretário Geral PT/SP e membro do DN # Cícero Balestro - Vice Presidente PT/RS
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